Em 10 anos, rentabilidade com ações supera 650%

Por Luciana Monteiro, de São Paulo

As perdas médias de 12,86% dos fundos de ações neste ano, até o dia 24, vêm tirando o sono de muitos investidores pouco acostumados com o vai-e-vem da bolsa. Os temores de uma recessão nos Estados Unidos contagiando os mercados do mundo trazem muita volatilidade. Mas os especialistas fazem coro ao indicar o investimento em bolsa para o longo prazo, por pelo menos dois anos.

Levantamento do site financeiro Fortuna mostra que, desde o dia 6 de dezembro do ano passado, quando a bolsa bateu o recorde de 65.790 pontos, até o último dia 21, o Índice Bovespa acumula queda de quase 20%. Quando se avalia, no entanto, o desempenho num período mais longo, vê-se bons resultados. Em 12 meses, por exemplo, o ganho médio dos fundos de ações chega a 22,26%. Já num prazo de três anos, o retorno sobe para 111%, variação muito superior aos 54% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI) no período.

Para horizontes maiores, a rentabilidade com a bolsa supera ainda mais o ganho com juros. Em cinco anos, o rendimento médio dos fundos de ações é de 375%, para 120% do CDI no período encerrado no dia 21. Já nos últimos 10 anos, o retorno médio das carteiras de ações chega a 667%, para 481% do CDI. Isso quer dizer que quem aplicou R$ 250 mil em janeiro de 1998 pertence hoje ao seleto grupo de milionários, com R$ 1,917 milhão.

O momento é oportunidade de investimento na bolsa, avalia Francisco Costa, sócio do escritório de aconselhamento financeiro Personal Investimentos. "Para quem tem apetite por risco, há oportunidades, mas é preciso estar consciente que as coisas não irão melhorar no curto prazo", alerta. "Para quem já está em bolsa, é preciso ter sangue-frio."

Na avaliação do executivo, os EUA deverão passar, sim, por uma recessão - caracterizada por dois trimestres consecutivos de queda do PIB. "Mas não acredito numa recessão profunda, que afete de forma muito significativa o crescimento mundial", diz. Para ele, o pior cenário, de forte recessão, já está hoje no preço das ações, mas os impactos na economia brasileira devem ser menores do que em anos anteriores. O cenário deve ganhar mais clareza, entretanto, quando começarem a ser divulgados os resultados corporativos e indicadores relativos ao desempenho da economia em 2008.

Mesmo com as perdas neste ano, alguns investidores estão realmente aproveitando o momento para aplicar em fundos de ações. Segundo dados do Fortuna, no ano, até o dia 24, a categoria registra captação de R$ 475 milhões. Boa parte dos recursos que tem ido fundos abertos compostos somente por papéis da Petrobras, que sobem 6,11% no ano e têm com ingresso de R$ 416,876 milhões. Já as carteiras abertas de Vale perdem 0,16%, até o dia 24, e apresentam resgates de R$ 14,869 milhões. Os fundos formados com recursos do FGTS não aceitam mais captação.

A grande maioria, no entanto, vem dando preferência para a renda fixa. Os fundos DI, que aplicam em papéis com juros pós-fixados, apresentam ingresso de R$ 6,258 bilhões e retorno médio de 0,68%, para 0,71% do CDI. Já as carteiras de renda fixa que podem aplicar em papéis com juros prefixados têm captação de R$ 2,440 bilhões até o dia 24. A categoria registra rentabilidade média de 0,75%. Os fundos curto prazo - formados por papéis com vencimento em até 365 dias - captam R$ 1,289 bilhão e rendem, em média, 0,34% no período.

Os resgates já começam a aparecer nos fundos multimercados, com saques no ano de R$ 2,662 bilhões, até o dia 24. A alta oscilação dos ativos no segundo semestre do ano passado trouxe perdas para boa parte dessas carteiras e, conforme os dados do Fortuna , 77% dos multimercados perderam do CDI no segundo semestre de 2007. Neste ano, até dia 24, os multimercados perdem 0,05%, em média.

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