Com 11 empresas na fila, Brasil vê forte retomada nas ofertas de ações

No início de 2009, era difícil imaginar uma recuperação tão rápida e intensa quanto a demonstrada pelos mercados acionários globais a partir de março. O rali foi ainda mais marcante na bolsa paulista, cujo principal índice subiu mais de 56% desde a mínima deste ano, de 36.234 pontos, alcançada em 2 de março.

Com a volta do apetite por risco e do fluxo de capital para o mercado acionário brasileiro, veio também a retomada das ofertas de ações na BM&F Bovespa. Acompanhando uma recuperação mais rápida do que o esperado, o movimento das distribuições também surpreendeu.

"A oferta está maior do que se imaginava no início do ano ou no final do ano passado. O processo tem sido surpreendente", afirmou o sócio-diretor da Mercatto Gestão de Recursos, Thomas Tosta de Sá.

Histórico das ofertas
Conforme informações da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), neste ano foram registradas ofertas de oito empresas, captando um total de R$ 20,5 bilhões. Dessas, apenas uma foi IPO (Initial Public Offering) e contou por quase metade da captação: a VisaNet, que levantou R$ 8,4 bilhões e ocupou o posto de maior IPO do Brasil.

Atualmente, 11 empresas possuem pedidos de oferta em análise na Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) e na CVM. Quatro desses são para distribuições iniciais, incluindo a aguardada oferta da Cetip, e sete são de empresas já negociadas na BM&F Bovespa, como GOL e GVT. Caso todas sejam realizadas, o número de ofertas neste ano superará o de 2008, de 14 empresas.

"O mercado se recuperou rápido. Com essa retomada do Ibovespa, principalmente no volume de operações, e com a volta do capital estrangeiro, abriu-se novamente a oportunidade de oferta de ações", explica o diretor da Guepardo Investimentos, Rodrigo Maringoni Simões.

Segundo ele, o "IPO e os follow-ons estão atrás de interesses, de pessoas que querem adquirir parte nas empresas. Então, quanto maior o fluxo de dinheiro entrando no País, melhor para esse tipo de operação".

Ações de segunda linha
Embora haja uma quantidade significativa de grandes empresas, as small caps são maioria na lista dos pedidos de análise de oferta, representadas principalmente por componentes do setor imobiliário, como Rossi, Multiplan, Direcional Engenharia e Brazilian Finance & Real Estate.

Levando isso consideração, o presidente do Templeton, Mark Mobius, afirmou em carta a seus clientes que "as novas ofertas de ações que estão saindo no Brasil são de qualidade relativamente baixa e precificadas acima do valor justo". Mobius completa afirmando que não planeja participar das ofertas em análise.

Perspectivas otimistas
Apesar do pessimismo do gestor, a perspectiva é positiva para o segmento de ofertas de ações brasileiras. "O mercado está retomando o processo de uma forma gradual, e a perspectiva, à medida em que a bolsa se fortaleça, é que esse mercado cresça junto. Como eu tenho uma visão de bolsa em alta para os próximos anos, vejo a perspectiva muito positiva", afirma Thomas Tosta de Sá.

Para ele, esse otimismo inclui a entrada de novas empresas em bolsa, "principalmente aquelas de carteiras de fundos de private equity, que, no processo de saída dos fundos, gradualmente serão ofertadas no mercado secundário através de IPOs, muito parecido com o que já ocorreu no período de 2006 e 2007".

Em relação às ofertas de ações de segunda linha, a expectativa também é de retomada, embora gradual. "É lógico que elas dependem ainda mais de volume e de compradores. Mas normalmente essas ações de segunda linha têm os preços mais atrativos; então, dependendo do preço, também acabam chamando uma quantidade de compradores muito grande", conclui Simões, da Guepardo Investimentos.

Fonte:
InfoMoney

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