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Mercados: Ibovespa despenca 3% com retorno de preocupação com crédito no exterior

17:41 hs - 09/08/2007

SÃO PAULO - Após três altas seguidas, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda nesta quinta-feira. O pregão foi afetado pela piora do humor externo, após o anúncio de suspensão de três fundos de uma unidade do importante banco europeu BNP Paribas. A notícia gerou aversão a risco ao reavivar as preocupações em torno do setor de crédito no ambiente internacional. O Banco Central Europeu (BCE) e o Federal Reserve (Fed) injetaram recursos no mercado financeiro para prover liquidez, mas não foi suficiente para acalmar os ânimos.

O Ibovespa terminou com queda de 3,28%, aos 53.430 pontos, após oscilar da mínima 53.323 pontos à máxima da 55.213 pontos - sempre em território negativo. O volume somou R$ 4,38 bilhões.

Na avaliação do economista da Modal Asset, Ivo Chermont de Vasconcellos, o desempenho do mercado hoje é um sinal de que um ou dois dias de calmaria não significam o fim da turbulência gerada pelas incertezas acerca do impacto dos problemas no setor de hipotecas subprime (alto risco) dos Estados Unidos. "Há uma dificuldade em saber a magnitude da exposição a esse tipo de crédito ao redor do mundo", explicou. "Com isso, o mercado fica no aguardo das notícias relativas à questão. Nos últimos dois dias, não saiu nada de ruim. Mas hoje foi diferente", disse.

O BNP Paribas Investment Partners, unidade do francês BNP Paribas, anunciou hoje a suspensão temporária de resgates e saques em três de seus fundos como consequência de falta de liquidez no mercado. "A completa evaporação da liquidez em determinados segmentos do mercado de securitização dos Estados Unidos tornou impossível avaliar certos ativos com precisão, apesar da qualidade deles ou da nota de crédito", salientou em nota. Foi o gatilho para uma forte deterioração nos mercados.

Ao anúncio do BNP Paribas seguiram-se duas intervenções importantes no mercado. O Banco Central Europeu (BCE) injetou 95 bilhões de euros nos money markets (mercados financeiros nos quais os recursos são emprestados a curto prazo, ou seja, menos de um ano) em meio aos temores de uma restrição mais forte na concessão de crédito. Na sequência, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) aportou recursos no sistema bancário da ordem total de US$ 24 bilhões no sistema bancário a fim de elevar a liquidez. Foram US$ 12 bilhões no overnight e outros US$ 12 bilhões na linha de redesconto de 14 dias.

Na avaliação de Vasconcellos, a entrada dos dois bancos centrais teve um impacto "estabilizador". O profissional, contudo, também viu a atitude das autoridades monetárias como uma indicação de que o problema no setor de crédito é grave. O economista ressalvou, entretanto, que isso não significa uma mudança na avaliação feita pelo Fed na terça-feira, no comunicado divulgado com decisão de manter o juro dos EUA em 5,25% ao ano. "O Fed vê que existe um problema, mas eles ainda não acreditam que isso possa contaminar o lado real da economia", disse.

Para o diretor de Gestão da Meta Asset Management, Alexandre Horstmann, a intervenção do Fed e do BCE, teoricamente, é boa. "Porém, gera sempre a dúvida se a razão pela qual eles estão fazendo isso é porque as condições de mercado estão realmente ruins", avaliou. Na análise do especialista, a atual turbulência deve demorar a passar, com novos casos de fundos com problemas aparecendo uma vez ou outra. "Mas se isso não afetar nenhum banco grande, os bons fundamentos da economia mundial não mudam", avaliou.

Em Wall Street, principal referência do mercado local, o indicador acionário Dow Jones cedeu 2,83% e o índice S & P 500 perdeu 2,96% no fechamento. No segmento de títulos públicos dos EUA, o treasury de dez anos indicava retorno ao investidor de 4,77% ao ano, com queda de 0,10 ponto percentual - sugerindo procura pelo papel, o que reforça a percepção de aumento da aversão a risco, uma vez que tais títulos são considerados como aplicações mais seguras.

(Paula Laier | Valor Online)

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