CPMF e cenário externo preocupam e mercados refletem tensões

Por: Camila Schoti
13/12/07 - 11h24
InfoMoney

SÃO PAULO - A não aprovação da prorrogação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) na madrugada desta quinta-feira (13) pelo Senado lança luz à condução da política fiscal brasileira e contribui para pressões desfavoráveis sobre os mercados nesta quinta-feira (13).
Enquanto a Bovespa iniciou os negócios em forte baixa de mais de 2,0%, as taxas dos contratos de DI Futuro avançam na BM&F ( Bolsa de Mercadorias & Futuros) e o dólar recupera campo frente ao real nesta manhã. Longe de ser o único evento relevante do dia, a não aprovação da CPMF soma-se à retomada das tensões externas internacionais e a ata do Copom, divulgada nesta manhã.
Os temores relacionados à CPMF dizem respeito às perspectivas de que a não arrecadação de cerca de R$ 40 bilhões estimados para o ano de 2008 possa causar uma redução no superávit primário e prejudicar as metas fiscais do Governo. Em todo caso, é preciso aguardar o posicionamento do Estado acerca de qual será a postura adotada.
Esperar para ver
Em todo caso, para Miriam Tavares, diretora de Câmbio da AGK Corretora de Câmbio, o evento provoca uma reação negativa nos mercados locais, mas passado o impacto inicial da notícia, vem a expectativa para quais serão as medidas adotadas pelo governo para contornar a redução em seu orçamento.
Para Tavares, uma postura "serena e firme do presidente Lula, no sentido de sinalizar redução nos gastos e reforçar o comprometimento com as metas fiscais, será fundamental para acalmar os investidores." A apresentação de uma alternativa para manter programas sociais e investimentos em infra-estrutura também serão fundamentais, completa.
Possíveis impactos
Preocupados com a saúde fiscal do governo, analistas da consultoria LCA demonstraram, em relatório recente, temor de que o evento possa promover um ajuste para baixo no resultado primário do governo central já no próximo ano, isto é, a redução da arrecadação governamental poderia fazer com que o balanço entre receitas e despesas do governo central, desconsiderados os encargos com juros, pudesse ser prejudicado.
Mais do que isso, a consultoria lembrou o impacto que tal medida poderia ter sobre a inflação, uma vez que tenderia a fornecer um impulso fiscal à demanda agregada, o que elevaria os riscos à dinâmica inflacionária e, por conseguinte, demandaria maior austeridade por parte da autoridade monetária.

É importante ressaltar, porém, que os mercados também se encontram sob a influencia de outras variáveis importantes nesta quinta-feira, como uma avaliação mais cuidadosa do plano conjunto com outros Banco Centrais anunciados pelo Federal Reserve, expectativas por indicadores de atividade econômica e inflação nos Estados Unidos e avaliação da ata do Copom, que reforçou o tom mais conservador frente ao atual cenário macroeconômico.

Cristiano Brasil

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