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A montanha-russa da Bolsa de Valores de São Paulo

Este título está longe de ser inédito. Algum tempo atrás esbarrei com um artigo do Stephen Kanitz que tinha um título bem semelhante a esse e que começava com uma belíssima provocação: "A maioria dos leitores deve achar uma maluquice as seguidas oscilações nas bolsas de valores."

E o Kanitz seguia por aí, lembrando daqueles leitores que diziam: "Bolsa é para quem tem estomago; meu negócio é renda fixa, fundos DI." E de outros que afirmavam: "Bolsa de valores é um mercado de risco, estou fora".

Felizmente, dizia o Kanitz, e digo eu, a verdade é bem outra. Todo dia, menos de 1% das ações listadas são, de fato, transacionadas no mercado. Não, você não leu errado. Eu disse 1%! Na próxima vez, portanto, que você ler que "a bolsa caiu 10% num dia de intenso nervosismo", lembre-se que 99% dos investidores sequer tomaram conhecimento disso.

"A adrenalina da montanha-russa desaparece no longo prazo"
Eis outros pontos bastante interessantes que foram analisados ao longo do artigo:

* Quem disse que quando a bolsa cai, todos saem vendendo as suas posições? Isso geralmente só acontece com os apavorados. Aqueles que entraram na bolsa acreditando que poderiam ficar ricos da noite para o dia.

* Já vimos acima que é apenas 1% dos investidores, e não "todo mundo", que sai vendendo suas posições. Mas quem disse que estes 1% que venderam perderam dinheiro na venda? Eles podem muito bem ter realizado uma venda de uma posição feita há 3, 4 anos ou quem sabe até mesmo apenas 1 ano atrás e, ainda assim, apesar da queda no dia, terem ganho muito dinheiro.

* Vale a pena também lembrar que estes 1% que venderam as suas posições, apavorados ou não, só o fizeram porque existiam outros interessados em comprar aquilo que eles tanto desdenharam.

Parece um paradoxo... mas não é! Bolsa e curto prazo são inimigos mortais. Bolsa é para investidores pacientes que acreditam que as empresas escolhidas são sérias.

Vamos fazer duas simulações. No primeiro caso, se o Sr. José das Couves comprasse, em janeiro de 1997, o equivalente a R$ 200 mil em ações que faziam parte do Índice Bovespa e esperasse até dezembro de 1998 para vender a mesma carteira, ou seja, ficasse comprado dois anos, ele teria perdido R$ 29.600,00, ou seja, 14,8%. Não foi assim uma perda tão significativa, mas se compararmos com outros produtos financeiros, como fundos, poupança, etc., no mesmo período, fica a impressão de que o Sr. Couves deixou de ganhar muito dinheiro.

Mas imaginemos que ele tenha sido mais paciente, que tenha acreditado mais nas empresas que escolheu - afinal, o Índice Bovespa só lista empresas sólidas, com ativos importantes, responsáveis por índices significativos do PIB do País. Vamos dizer que ele tenha deixado a sua carteira quietinha até hoje, agosto de 2008. Nesse caso, com a mesma carteira, onze anos depois, o Sr. José das Couves venderia suas ações por... R$ 1,4 milhão! Um ganho de aproximadamente 600%.

Vale a pena, portanto, obedecer ao Axioma da Bolsa: "A adrenalina da montanha-russa desaparece no longo prazo". Ou seja, em matéria de renda variável, a escolha correta (empresas sérias), paciência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém!

Bons Investimentos e um Bom Brasil para todos!

Marcelo Smarrito é diretor de Varejo da corretora Gradual, autor do livro "Desmistificando A Bolsa de Valores" e escreve mensalmente na InfoMoney, às sextas-feiras.
marcelo.smarrito@infomoney.com.br

Comentários

Anônimo disse…
sou iniciante na bolsa; efetuei duas compras em 02/09 - 15k de petr4 e em 03/09 6k de csna3; que este valor fique 4 anos ou mais inerte, vez que, trata-se de investimento, todavia, ao deparar com o sobe e desce da bolsa e o volume de venda fiquei meio nervoso, mas suas palavras em afirmar que aproximadamente apenas 1% representa a venda fez diferença na minha posição de investidor novato em renda variável.

parabéns pelo artigo.

Atenciosamente,

Miguel

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